sábado, 13 de junho de 2015

Unhappy Birthday


Hoje é meu aniversário. Que outro dia no ano seria tão propício pra se pensar na morte do que esse? 
Um monte de gente que finge que se importa enquanto a gente finge que se sente querido.
Se bem que, as vezes, a gente se surpreende e percebe que é mesmp querido pra alguém... é um pouco assustador, lidar com essas relações afetivas é bastante complicado.
Mas eu decidi não pensar muito nisso hoje. Tentar não pensar ajuda a viver um dia de casa vez.
E hoje é mais um dia...


sexta-feira, 12 de junho de 2015

No meu coração era muito real!



O dia 12 de junho se tornou pra mim um dia difícil. De uns anos pra cá, ele me significa o Dia da Epifania! Esse dia marca a minha luta constante comigo mesma, as contradições existentes em mim, o martírio de estar entre o 'escolher amar' e o 'abdicar do amor'. 
Existem diversas formas de amar um mesmo amor, assim como existem diversas formas de captar as reações que ele te proporciona. Eu, por muito tempo, decidi que não haveria forma de amor que me causasse expectativa de uma retribuição à altura, seja lá como isso seja. Parece que, de certa forma, estamos sempre esperando que nossos amores nos amem de uma maneira que eles nunca poderão amar. Não importa o quanto amor haja, estamos sempre esperando mais. E eu estava errada, eu também crio essa expectativa, eu também espero demais do amor. Porém, eu sempre fui uma pessoa de expectativas muito baixas, eu sempre espero o mínimo possível em relação a reciprocidade... isso acaba tornando as decepções ainda mais intensas e essa dor dói tão grande que mal consigo suportar. Se decepcionar pelo pouco pode ser mais dolorido que pelo muito. E isso torna difícil o convívio amistoso com o mundo, é preciso se policiar o tempo todo para não descontar as frustrações nos outros.


Essas constantes epifanias que esse dia me traz, me ajudam a (re)pensar na necessidade de se relacionar com as pessoas, com o mundo. Essa vontade de evitar todo e qualquer ser humano me surge como um furacão a cada lembrança de um sorriso iluminado. Acho que tem a ver com o medo de, novamente, deixar o amor entrar pra me esvair em dor.


O dia de hoje marca o mix de amor e dor, de alegria e tristeza, de doar e receber... e, no fim das contas, é só mais um dia.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Epílogo



Eu conversava com uma amiga dia desses, sobre como a vontade de desistir da vida foi incentivada nas letras do The Smiths e de como o Morrissey deveria saber mais coisas do que podemos imaginar sobre as artimanhas de se manter vivo ainda que (en)cante o oposto. E foi durante essa conversa que me surgiu a ideia de começar esse blog onde, finalmente, eu decido expor minha depressão publicamente.
Que eu consiga me lembrar, não existe um dia sequer, em pelo menos vinte anos, em que eu não pense em morrer pelo menos uma vez ao dia. Eu já me imaginei/desejei estar morrendo de todas as maneiras possíveis de se imaginar: já quis explodir os miolos, pular de uma ponte, ser mordida por um cão doente... já me imaginei sendo assassinada por alguém fantasiado de Garibaldo, um botijão de gás voador caindo na minha cabeça, sendo abduzida por extra-terrenos que percebem que houve um engano e me jogam pra fora da nave... eu já quis morrer de tantas maneiras que algumas ideias até me parecem simples demais. 
A maioria das pessoas vai pensar que essa é uma tentativa de chamar a atenção, que deve ser carência, que eu sou uma pessoa "muito alegre" pra se levar a sério esse papo de depressão... e eu sequer posso reclamar disso, afinal, foi o papel que eu escolhi interpretar na vida.

Meu pai me criou pra ser independente, pra ser meu próprio suporte. E eu aprendi isso desde de muito cedo! Eu era a menina gorda, negrinha, que gostava de "coisas de meninos" e se entendiava facilmente com as "coisas de meninas". Eu sofria bullying com a mesma frequência que qualquer "minoria" sofria, mas eu adotei esse personagem que parece não se importar com nada e que está sempre de bom humor. E eu gostava de estudar, de aprender... foi ficando cada vez mais fácil "ter resposta pra tudo", rebater as zoações com esperteza e, assim, acabar me tornando a "melhor amiga de todo mundo". 


De todas as coisas que me doem na vida, uma das que mais me transtornam é esse ímã que eu tenho pra atrair as pessoas, pra deixá-las confortáveis comigo pra despejar todos os seus lamentos, frustrações, angústias, problemas... desde criança, eu juro, todo mundo ao meu redor sempre arranjou uma maneira de me fazer responsável pelas suas soluções/alívios; seja pra decidir a melhor brincadeira em grupo na rua, seja pra fazer os trabalhos escolares ou (o mais corriqueiro deles) aconselhar suas relações amorosas.
Cada vez que eu me percebi com dificuldade de encarar o mundo, cada vez que algo me doía, se eu procurasse alguém pra conversar/desabafar, os problemas delas sempre se faziam mais importantes e as conversas tinham que ser sobre a dor delas, não as minhas. Eu aprendi cedo que o ego do ser humano é maior do que qualquer amor que ele possa sentir. 
Junto a esse aprendizado precoce, vieram as descobertas do amor e seus tipos de relacionamento. Uma das coisas mais marcantes pra mim foi, por volta dos 13 ou 14 anos, quando eu sofria pelo meu primeiro grande amor, passei dias chorando no quarto ouvindo discos do The Smiths, e meu pai resolveu conversar comigo sobre isso pela primeira vez. Ele sentou do meu lado na cama e disse "Eles sempre vão te fazer chorar, filha. Nenhum deles vale a pena". E aquilo mudou minha vida pra sempre.
As palavras do meu pai se fundiram às do Morrissey e eu passei todos os dias restantes da minha vida vivendo esse personagem que me tornei.


Quando o Kurt Cobain se matou, eu estava começando a gostar de Nirvana. Me lembro de levar o encarte do Nevermind pra uma professora traduzir pra mim e ela dizer que eu "ainda não tava preparada praquilo". Obviamente, eu achava que estava. E quando ele morreu eu percebi que estava mesmo. Ele era tudo o que eu queria ser! Eu tinha uma admiração por ele em vida mas, quando ele se suicidou, eu passei pro estágio da idolatria!
As pessoas se tornam cada vez menos interessantes (e bonitas) à medida que as conheço, o mundo parece cada dia mais sem graça e desprezível... era inevitável fugir da imagem de um Kurt corajoso e autônomo o suficiente para, como diria Morrissey: give up life as a bad mistake! E todas as pessoas que se referiam a ele como um covarde me irritavam justamente por essa minha convicção do oposto: é preciso ter muita coragem para desistir da vida, por pior que ela te faça.
Me sinto covarde todos os dias, ironicamente, por seguir adiante. Me sinto covarde por encarar as dores diárias, as dividindo somente comigo mesma. Hoje eu me sinto bastante covarde! Mas hoje é só mais um dia...